Revista Brasil Energia | Vitória PetroShow 2024

O futuro da indústria e a exploração em Novas Fronteiras

Roberto Ardenghy, presidente do IBP, enumera as razões para a indústria de O&G continuar sendo um vetor forte do desenvolvimento nacional e sua capacidade de explorar e produzir na Margem Equatorial com o mesmo cuidado com que opera em frente a Buzios e Angra

Por Celso Knoedt

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A exploração que a Petrobras iniciou na Margem Equatorial, extensa região offshore que se estende desde a Bacia Potiguar até a Bacia da Foz do Amazonas, é de importância vital para a continuidade de toda a indústria de petróleo brasileira, muito além do êxito de uma ou outra descoberta na região, aqui ou ali. É também extremamente importante para manter o país em rota de crescimento, segurar seus talentos e reduzir suas desigualdades.

As companhias de petróleo e sua grande cadeia de fornecedores de produtos e serviços hoje suprem o mercado interno e ainda exportam 1,5 milhão de barris/dia, empregam centenas de milhares de postos de trabalho com remuneração no topo superior da renda média nacional, desenvolvem tecnologia de ponta em centros acadêmicos e de pesquisa, ajudando a reter talentos no país, além de ser um pilar importante para o equilíbrio das contas públicas. O que sustenta tudo isso são áreas em exploração e campos em produção. E o petróleo já tem esgotamento previsto nas atuais províncias petrolíferas, inclusive o bem aventurado pré-sal.

Com o esgotamento já previsto das províncias da Bacia de Campos, Espírito Santo e Santos, que respondem atualmente por mais de 80% da produção nacional, a Margem Equatorial é a joia da coroa entre as áreas de novas fronteiras que podem manter o país na posição de exportador líquido de petróleo e desenvolvedor de tecnologia de ponta.

No Vitoria Petroshow, a jornalista Rosely Maximo, editora da Brasil Energia, conversou com Roberto Ardenghy, presidente do IBP, que traçou nesta breve entrevista algumas considerações sobre esse momento que o país atravessa. Aqui destacamos os principais trechos.

Riscos ambientais na Margem Equatorial

O Brasil produz seu petróleo hoje basicamente na frente do Rio de Janeiro e de São Paulo. 80% do petróleo hoje vem das bacias de Santos e de Campos, que estão exatamente aqui na frente de Búzios, Macaé, Vitória, Guarujá, Costa Verde, baía de Angra dos Reis e por aí vai. E todos os dias à meia-noite nesses lugares terão sido produzidos mais de 3 milhões de barris de petróleo. A gente faz isso com eficiência, com enorme preocupação ambiental e com muita capacidade operacional. Então temos muita segurança para continuar usando esse modelo em outros lugares como é o caso da Margem Equatorial.

A greve do Ibama e os reflexos na indústria

Esse é um tema muito crítico para nossa indústria. O Ibama está em estado de mobilização há mais de 90 dias e essa é uma indústria que vive de licenças ambientais. Nós temos que ter licença de planejamento, licença de operação, licença prévia, nós vivemos de licença:  licença da ANP, licença do Ibama, licença da Antaq e de todos os organismos federais. Então, quando o Ibama não está processando em tempo essas licenças, isso causa enorme preocupação e prejuízo à nossa indústria. Por exemplo, pega o caso de uma sonda que venha do exterior dentro de uma janela de 60, 90 dias, sob contrato. Se ela chegar ao Brasil e não puder executar o trabalho, essa sonda vai ter que ir embora. E ela chega a custar 1 milhão de dólares por dia. 

Contribuição para o desenvolvimento sócio-econômico

Essa é uma indústria que se desenvolve gerando renda para as populações, gerando tecnologia com as Universidades, centros de pesquisa. Veja, por exemplo, o caso da Guiana. A Guiana é um país aqui da América do Sul, que descobriu petróleo há mais ou menos cinco anos e hoje está produzindo 500 mil barris de petróleo. A Guiana foi o país que mais cresceu no ano passado. Seu PIB cresceu 58%.

Descarbonização no Brasil e no mundo

A demanda pelo petróleo vai continuar muito forte nos próximos anos, mas não é qualquer petróleo, é um petróleo descarbonizado, é um petróleo com baixa emissão de CO2. E aí o Brasil, por uma questão de natureza e por uma questão de tecnologia, tem um dos petróleos mais descarbonizados do mundo. O petróleo do pré-sal, por exemplo, já é um petróleo com baixo teor de enxofre, isso é da natureza. Além disso, a gente faz a reinjeção do CO2 em todo o petróleo produzido no pré-sal. Então hoje a gente consegue produzir petróleo na Bacia de Santos, no pré-sal, com 1/3 da média mundial de emissão de CO2.

O futuro da Tecnologia e Inovação

Nossa indústria tem dois pilares: a geologia, que diz se tem ou não tem petróleo, e a tecnologia, se você tem ou não condições tecnológicas de retirar o petróleo. O Brasil, nos anos 70, importava 90% do petróleo que consumia. Hoje nós estamos exportando um milhão e meio de barris por dia. Como atingimos isso? Com tecnologia, com conhecimento, com engenharia, com pesquisa de alto nível. Nós estamos sempre nos inovando. E agora nós estamos nos inovando para descarbonizar e para outras tecnologias, até para energias renováveis. O IBP criou o Hub de Inovação como espaço para a convivência entre pesquisadores, empresas, startups, professores de universidades, um ambiente que gera inovação. Inovação é mais do que a tecnologia, porque muitas vezes existe uma pesquisa importante, dentro da universidade, que se não for utilizada, não vai gerar riqueza.

Assista a vídeo-entrevista:

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